Detalhes da Mostra

A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre e o Museu de Arte Contemporânea da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul apresentam a  exposição


SOB CONSTANTE AMEAÇA

Inauguração: Dia 20 de outubro de 2012 - às 17 horas
Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS
(Rua dos Andradas, 736, 6º andar  - Casa de Cultura Mario Quintana)



            
GALERIA XICO STOKINGER

   Dinh Q Lê   -   The Farmers and the Helicopters


   Bjorn Melhus    -  Polícia


GALERIA SOTERO COSME

    Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado  -   O Século

    Cyprien Gaillard   -    Cities of Gold and Mirrors

    Dan Halter   -    Safe as Fuck

    Federico Alvarez   -    Ataque de Pânico!

    Guilherme Peters    -   Inimigo Invisível

    Romain Gavras   -   M.I.A Born Free

    Rodrigo Matheus e Laura Faerman   -  New World Airlines

    Romy Pocz     -    Hillingar

    Shaun Gladwell    -     Double Balancing Act

    Skip Arnold     -      Marks

    Veronika Veit     -     Die Faust


CURADORIA DA EXPOSIÇÃO
Bernardo José de Souza
Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura

CURADORIA DA MOSTRA DE FILMES
Marcus Mello
Programador da Sala P. F. Gastal


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CO-REALIZAÇÃO


GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Governador
Tarso Genro

Secretário de Cultura
Assis Brasil

Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana
Manoel Henrique Paulo

Diretor do Museu de Arte Contemporânea do RS
André Venzon

Estagiários MACRS
Felipe Schulte
Marcelo Chardosim

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REALIZAÇÃO

PREFEITURA DE PORTO ALEGRE
Prefeito
José Fortunati

Secretário Municipal da Cultura
Sergius Gonzaga

Coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia
Bernardo José de Souza

Equipe de Produção
Bete Tomasi
Daniela Mazzilli
Lurdes Krás
Marcus Mello
Maria Angélica dos Santos
Silvia Regina T. Rosa

Estagiários
Felipe  Marcelino
Cláudio Hunter

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PROJETO EXPOGRÁFICO
Urbanauta
Arq. Edu Saorin
Arq. Michelle Sommer

PROJETO GRÁFICO 
Lucio Kahara

PROJEÇÃO 16mm
José Camillo


MEDIADORES DA MOSTRA
André Jaeger
Daniel F. Villa Verde
Fernanda Soares
Karina Finger

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LOCAL  DA EXPOSIÇÃO
Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS
Rua dos Andradas, 736, 6º andar 

Casa de Cultura Mario Quintana
Porto Alegre – RS – CEP 90020-004

PERIODO DE VISITAÇÃO
de 20 de outubro a 2 de dezembro de 2012
segundas das 14h às 19h
de terças a sextas, das 10h às 19h
e sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h

FILMES NA P.F. GASTAL
Paralelamente à Exposição que ocorre no MAC, 
a Sala P. F. Gastal (3º andar da Usina do Gasômetro) 
apresenta um ciclo de filmes, especialmente concebido.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Anna  Schwartz Gallery
Aparato TV
Galeria Vermelho
Galeria Fortes Vilaça
Iconoclast
P.P.O.W. Gallery
Spencer Brownstone Gallery
Sprüth Magers Berlin

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APOIOS
Casa Valduga
Atelier de Massas
Copacabana
Gambrinus
Le Bistrot
Moeda
Restaurante Marcos

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CO-REALIZAÇÃO












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REALIZAÇÃO


















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INFORMAÇÕES
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Secretaria Municipal da Cultura- Prefeitura de Porto Alegre
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar da Usina do Gasômetro)
Fone  51 3289 8133 / 3289 8135

salapfgastal@smc.prefpoa.com.br

Texto de Apresentação

                                                                                                                      
  Sob Constante Ameaça

Shaun Gladwell
Cenário de muitas e ambiciosas revoluções, o “curto século XX” (Eric Hobsbawn) foi marcado por uma sucessão de eventos atrozes: teve início em 1914, com a primeira Grande Guerra, e foi abreviado em 1991, com o colapso da URSS, sinalizando assim o fim da Guerra Fria; no curso de sua longa e conflagrada trajetória, jamais havia a humanidade experimentado tamanha derrama de sangue em tão exíguo espaço de tempo. De lá para cá, incessantes conflitos bélicos vem marcando de maneira cruel e indelével nossa história recente, em particular a do Oriente Médio, a da Europa Oriental e a do continente Africano, haja vista o insolúvel conflito entre Israel e Palestina, a ultratecnológica guerra do Golfo, o brutal genocídio na Sérvia, a obtusa invasão do Iraque e os recentes movimentos revolucionários que configuraram a chamada Primavera Árabe, para não falar das inúmeras e esparsas guerras civis a irromper de maneira intermitente sobre a superfície do globo terrestre.

A festejada modernidade, responsável por impulsionar o desenvolvimento do Ocidente desde a Revolução Industrial, foi incapaz de frear os instintos nefastos de sociedades econômica e culturalmente desiguais, cujas práticas políticas destituídas de valores humanistas sólidos permaneceram carregadas da selvageria típica do mundo pré-moderno. Nem mesmo o avanço científico, iluminado pelo discurso republicano, resultou num mundo tão mais estável quanto democrático, maduro politicamente, pouco suscetível aos reveses econômicos e menos vulnerável às vicissitudes da natureza. Sob o signo do medo, atravessamos o último milênio acossados pelo terrorismo, impactados pelas tsunamis, atordoados pelo disparo de mísseis, desestabilizados pelas bolsas de valores e confrontados com imagens da barbárie.
Neste contexto, o debate sobre a segurança, longe de estar confinado aos domínios do Estado e a seu monopólio sobre o uso da força - quer seja através de suas instâncias de controle e garantia do bem-estar social ou de suas “instituições totais” (M. Foucault): hospitais, prisões, manicômios -, remete à primitiva condição humana de desamparo e grande fragilidade ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça: susto e terror frente ao desconhecido. O medo, reação a toda a sorte de inseguranças que, em maior ou menor escala, experimentamos ao longo da vida, tornou-se, nas sociedades contemporâneas, um sentimento desconfortavelmente familiar, contra o qual lutamos lançando mão de um sem-fim de aparatos bélicos, de uma extensa parafernália tecnológica e dos mais variados expedientes de proteção: são ogivas nucleares, armas biológicas, câmeras de vigilância, carros-blindados, sistemas de alarme, antiansiolíticos, senhas bancárias, seguros de vida, de desemprego, contra incêndio, entre tantos outros.
As guerras, o terrorismo, o crime organizado e a violência urbana são apenas as mais evidentes facetas de uma ampla problemática política, econômica e social, a qual se desdobra em sintomas bem menos tangíveis, de ordem psíquica ou caráter individual, cujas raízes se revelam tanto a partir do preconceito de classe, da intolerância religiosa, de gênero ou racial, quanto através das fobias sociais, da busca por ambientes domésticos seguros (comfort zones) ou dos relacionamentos virtuais como estratégia de preservação da integridade física.

O Medo e o Totalitarismo

Se o temido Leviatã de Thomas Hobbes – monstro-síntese do contrato social – não foi por completo eficaz como antídoto ao estado de natureza e sua “guerra de todos contra todos” (1974:82), pouco surpreende que a civilização a construir o Estado Democrático de Direito também tenha sido aquela a perpetrar o holocausto nazista.
O clima de horror absoluto a imperar na Alemanha pré-segunda guerra foi evidenciado através da locução em off numa das cenas d’O Ovo da Serpente (1977, EUA), filme dirigido por Ingmar Bergman que, ao abordar a gênese e ascensão do fascismo, antecipa a tragédia sem precedentes prestes a eclodir:


cena de "O Ovo da Serpente" - Ingmar Bergman

"Terça-feira, 6 de novembro. Os jornais estão enegrecidos pelo medo, ameaças e rumores. O governo parece impotente. Um confronto entre os partidos parece ser inevitável. Apesar de tudo isso, as pessoas vão trabalhar, a chuva nunca para, e o medo cresce como o vapor que emana das pedras. Pode ser sentido como um cheiro penetrante. Todos o suportam como um veneno, um veneno de efeito lento, que se percebe apenas no pulso acelerado ou como um espasmo de náusea.”   
Em pleno século XXI, o medo permanece uma arma poderosa contra os princípios de liberté, égalité, fraternité, haja vista o ataque terrorista às Torres Gêmeas em 11 de setembro, em Nova Iorque, e seus insidiosos efeitos sobre as liberdades individuais. A suspensão de direitos assegurados pela constituição norte-americana através da Lei Patriótica - que concedeu poderes extraordinários aos órgãos de segurança, permitindo mapeamentos raciais e étnicos, além do monitoramento das rotinas do cidadão comum -, despertou um profundo sentimento de paranoia entre a população dos Estados Unidos.
Sofrendo abalos sistemáticos em um mundo que, ao superar o fantasma comunista, acabou por abandonar suas mais caras utopias de transformação social, a democracia viu prosperar um projeto econômico altamente excludente, cujos vícios políticos revelaram-se semelhantes àqueles combatidos nos regimes totalitários, isto é, corrupção e concentração de renda nas altas esferas do poder. Na ausência de um inimigo comum, a sociedade ocidental que emergiu vis-à-vis à queda do muro de Berlim em 1989 adotou sem ressalvas o regime capitalista e prontamente nomeou seus mais novos fantasmas: a partir de então, árabes e muçulmanos passaram a encarnar a face contemporânea do mal.


Os Meios de Comunicação de Massa e o Poder Simbólico


Tempestade no Deserto

Batizada Tempestade no Deserto, a operação deflagrada na Guerra do Golfo, em 1990, foi a primeira de uma série de investidas militares norte-americanas no Oriente Médio, uma zona culturalmente conturbada desde a primeira grande guerra, cujas reservas de petróleo são emblemáticas não apenas de uma batalha política, mas do esgotamento de um modelo econômico sustentado pelo uso de energias fósseis não renováveis. Primeiro conflito bélico televisionado em tempo real, o massacre de mais de cem mil soldados iraquianos obteve repercussão internacional através da rede americana CNN, numa cobertura jornalística tão contaminada pelo parti pris que emulava a lógica de um videogame yankee.




Hitler e Leni Rieffensthal 
Já na Segunda Guerra Mundial, o regime nazista de Adolf Hitler identificara o cinema como um poderoso “Aparelho Ideológico de Estado” (Louis Althusser, 1999:101) – o qual foi utilizado com notável sucesso por seu ministro da propaganda Joseph Goebbels e pela diretora Leni Rieffensthal -; a partir da década de 1950, entretanto, especialmente através da televisão, os meios de comunicação de massa só fizeram expandir as possibilidades de dominação cultural das nações hegemônicas, notabilizando-se como veículos ideais para o exercício do “soft power”, – segundo o cientista político Joseph Nye (2004:15), este poder não se exerce através da força, mas, a exemplo de Hollywood e da Internet, constitui uma arma tão robusta para os Estados Unidos em matéria geopolítica quanto o seu mais que temido poderio militar.

Ao se debruçar sobre os sofisticados mecanismos de dominação cultural que caracterizam as relações políticas, o sociólogo francês Pierre Bourdieu vai além e conclui que:
“É enquanto instrumentos estruturados e estruturantes de comunicação e de conhecimento que os <<sistemas simbólicos>> cumprem a sua função política de instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação, que contribuem para assegurar a dominação de uma classe sobre outra (violência simbólica) dando o reforço da sua própria força às relações de força que as fundamentam e contribuindo assim, segundo a expressão de Weber, para a <<domesticação dos dominados>> [...]
[...] o poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem.” (P. Bourdieu, 2011:8, 11, 14)
Portanto, vale frisar que este “poder quase mágico que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou econômica), graças ao efeito específico de mobilização, só se exerce se for reconhecido, quer dizer, ignorado como arbitrário.” (P. Bourdieu, 2011:8, 11, 14)

Com efeito, a chegada do homem à Lua em 20 de julho de 1969, transmitida pela televisão, acirraria os ânimos de russos e norte-americanos na corrida espacial. A célebre frase do astronauta Neil Armstrong “um pequeno passo para um grande homem, um salto gigante para a humanidade” daria a tônica à escalada tecnológica que bem caracterizou a Guerra Fria e sua mais sórdida corrida: a armamentista. Ao arsenal de armas simbólicas engendradas pela mídia, somaram-se as químicas e biológicas, e a descoberta da bomba nuclear, cuja receita roubada dos norte-americanos pelo casal de espiões russos Julius e Ethel Rosenberg só fez recrudescer o risco real de embate entre as duas superpotências.

O imaginário da época foi de tal modo permeado pela ameaça nuclear e pelo totalitarismo que tanto a literatura quanto o cinema souberam explorar o fértil terreno das fobias em uma série de obras ainda hoje emblemáticas da atmosfera de hostilidade e perigo na qual estiveram envoltos os anos que se seguiram ao grande conflito armado mundial.

cena de "1984" - direção de  Michael Radford.
O romance de ficção científica 1984, escrito por George Orwell em 1948 e posteriormente transformado em filme, nos apresenta uma sociedade vigiada, na qual o medo desempenha papel estruturante, pautando a existência de homens e mulheres submetidos ao jugo do Estado. Reféns do Big Brother, instância maior de vigilância constante - espécie de panóptico benthaniano (ver imagem) cuja função é “induzir um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento autoritário do poder” (M. Foucault, 1997:166) -, os personagens do livro se veem obrigados a abrir mão da privacidade, e o que é mais grave, de suas próprias vidas afetivas, em nome da adesão a um governo ditatorial que tem por prática e missão, respectivamente, reescrever as notícias do passado e forjar uma nova língua cuja estrutura semântica impediria manifestações contrárias ao regime.


panóptico
A passagem da “sociedade disciplinar” (1997:166) concebida por Michel Foucault - que encontra na lógica do confinamento seu mais sofisticado expediente - para aquela ora em curso na contemporaneidade, cujos mecanismos de controle são invisíveis e onipresentes, abre caminho à discussão deleuziana sobre a virtualidade dos sistemas de vigilância e os dispositivos de poder no âmbito das esferas públicas e privadas. Uma vez que a vigilância revelou-se mais eficaz que a punição, e esta premissa foi introjetada pela sociedade, prescindindo dos aspectos arquiteturais para ser levado a termo – a saber, a escola, o hospital, a prisão etc. -, os indivíduos passaram a estar permanentemente sob efeito disciplinar, mesmo na ausência física da autoridade.



A Sociedade de Controle

No centro de Hong Kong, um serial killer e um senador com sua amante são simultaneamente fotografados ao chegar no lobby de um arranha-céu; enquanto isso, nas ruas de NY, a mesma câmera de segurança que registrara dois homens fazendo sexo na noite anterior, acusa agora o trágico atropelamento de uma criança com síndrome de dawn; bem longe dali, num shopping center em Dubai, o mesmo cartão de crédito que monitora os gastos de uma prostituta russa para uma empresa de marketing multinacional, revela o destino secreto de um exilado político a agentes do FBI. Como que extraída de um filme, a sequência acima descrita ilustra a complexidade da rede de informações e a velocidade com que as imagens são capturadas, produzindo evidências que, no limite, se verdadeiras fossem, bem poderiam levar a um golpe de Estado.

A revolução tecnológica em marcha nas últimas décadas não só amplia substancialmente o aparato de controle institucional disponível como torna extremamente difusa a ação destes mecanismos, lançando a mais singela rotina doméstica numa zona cinza onde as noções de privacidade concorrem com motivações de segurança pública, tornando o medo uma reação psíquica recorrente na contemporaneidade.
Por outro lado, alguns episódios recentes apontam uma realidade nada distante da ficção. Ao passo em que ataques terroristas são transmitidos ao vivo em cadeia internacional de televisão e informações falsas apuradas pelo serviço de inteligência britânico detonam a invasão do Iraque, dados confidenciais do governo americano vazam na Internet pondo em xeque a estabilidade econômica mundial. Neste intrincado tabuleiro onde o wikileaks, o blog de celebridades hollywoodianas e o twitter do presidente Obama disputam o próximo furo jornalístico em pé de igualdade com correspondentes de guerra, analistas econômicos e agências de notícias, imagens cuja repercussão política vai além da mera cobertura de imprensa são espalhadas pelo mundo em fração de segundos, conferindo credibilidade a eventos espúrios, adulterando o teor da informação e impactando nossa própria percepção sobre os acontecimentos.

Assim, o filósofo francês Gilles Deleuze argumenta que “a sociedade de controle tem como estratégia fundamental esvaziar a imagem da sua virtualidade, para a tornar pura informação, parte dos dispositivos de vigilância e monitoração. (Deleuze, 1992: 198)

Yasujiro Ozu dirigindo
Chishu Ryu e Setsuko Hara em Tokyo Story
“Ao atribuir à imagem a potencialidade da informação, deslocamos a abordagem do campo da representação, passamos a compreendê-la enquanto a própria expressão dos acontecimentos. [...]

[...] Por exemplo, o instante do acidente mais brutal se confunde com a imensidão do tempo vazio onde o vemos advir, nós, espectadores do que ainda não é, imersos num longuíssimo suspense. O acontecimento mais ordinário faz de nós um vidente, ao passo que a mídia nos transforma em simples olheiros passivos, no pior dos casos em voyeurs [...]

[...] É a arte, não a mídia, que pode captar o acontecimento: por exemplo, o cinema capta o acontecimento, com Ozu, com Antonioni. Mas justamente, neles o tempo morto não está entre dois acontecimentos, ele está no próprio acontecimento, ele constitui sua espessura” (Deleuze, 1992: 198, 199).  

A Arte e a Mídia

Se, por um lado, os meios de comunicação de massa tem o condão de subtrair a virtualidade das imagens, isto é, de relativizar seu potencial semântico, por outro, é justamente no repertório visual e no imaginário midiáticos que a arte vai buscar subsídios para a construção de uma linguagem própria, a qual redimensiona o papel da imagem na articulação de um discurso político.

Romain Gravas - M.I.A. Born Free
Realizado por Romain Gavras (filho do célebre diretor de cinema político Constantin Costa Gavras) para a banda britânica M.I.A, Born Free subverte a lógica do videoclipe ao apresentar uma sequência de imagens extremamente violenta, cujas cenas de forte teor político incendeiam o debate sobre a eugenia e a intolerância racial. Construído como um filme de ação, tanto em seu roteiro quanto em sua montagem, este vídeo sobre o extermínio de meninos ruivos foi objeto de censura, causando polêmica ao desafiar os padrões formais e conceituais da publicidade desenvolvida para a indústria fonográfica.
Ao decidir veicular tal natureza de conteúdo através de mídias via de regra utilizadas para outros fins, a saber, aqueles estritamente publicitários, Gavras estaria reacendendo, ainda que às avessas, a discussão de Marshall McLuhan sobre o meio ser a mensagem. Uma vez que o discurso altamente político de Born Free seria incompatível com uma peça de videoclipe, a opção por esta mídia constituiria em si uma escolha ideológica.

Inimigo Invisível (2011), vídeo de Guilherme Peters que reproduz o ponto de vista de um jogador de videogame, apresenta um soldado pelas costas, de metralhadora em punho, movendo-se pelos corredores sombrios de uma arquitetura labiríntica. À medida que ele avança, errante, fazendo crescer a expectativa de que o inimigo irrompa na escuridão, frustra-se o espectador ao constatar que nada acontece no “jogo”, salvo a monotonia desta não-ação.
Ao simular um videogame pelo seu avesso, isto é, eliminando as batalhas e as mortes, o artista esvazia o conteúdo belicista tão característico desses produtos audiovisuais de entretenimento, suscitando o debate acerca dos rituais de violência aos quais somos submetidos desde a infância. Ao reiterar, a cada novo movimento em falso do soldado, a existência de uma fonte permanente de risco, ainda que seja invisível, a obra evidencia o caráter onipresente do medo.   

Skip Arnold - Marks
Já na obra Marks (1984), de Skip Arnold, o próprio artista é registrado em ação, arremetendo seu corpo contra as paredes de um quarto branco, vestindo apenas jeans, luvas de boxe e um capacete com a bandeira dos EUA. A performance desempenhada por Arnold, em luta imaginária com um inimigo fantasma, remete ao espírito belicoso dos norte-americanos, em constante posição de enfrentamento.
Entretanto, na ausência de uma ameaça real, o corpo do artista constitui seu próprio inimigo, como que em movimento de violência involuntária contra si mesmo. Ao submeter-se a tal experiência, fisicamente excruciante, que somente termina quando seu corpo colapsa, o artista leva a ação performática ao limite, evidenciando o caráter evanescente do registro audiovisual.



Guerra e Paz

Na era da informação, imagens atravessam o planeta em questão de segundos, precipitando crises econômicas, insuflando guerras civis ou denunciando desastres ambientais. A elas coube a tarefa de dar corpo e face ao Frankenstein midiático contemporâneo, espelho de um mundo tão globalizado quanto desigual.
Ao avanço científico sem precedentes, somou-se a ausência absoluta de referenciais ideológicos, resultando em uma civilização tão dependente dos meios de comunicação de massa quanto incapaz de interpretar suas informações. Realidade e ficção sobrepõe-se, transformadas numa coisa só, amalgamadas numa mesma imagem.
Sob constante ameaça, vivemos em permanente estado de alerta, a espera de novas notícias, aguardando o perigo iminente. Neste contexto imediatista, afetado pelo crescente volume de informações, a produção artística, na contramão do açodamento intelectual, revela-se um importante instrumento de reflexão sobre o status da imagem e seu poder de representação na contemporaneidade. 


bernardo josé de souza
coordenador de cinema, vídeo e fotografia
secretaria municipal da cultura
prefeitura de porto alegre

Mostra de Filmes


De 23 de outubro a 1º de novembro de 2012
Sala P. F. Gastal
Av. Pres. João Goulart, 551 (3º andar da Usina do Gasômetro)


Os Pássaros


The Birds
de Alfred Hitchcock
EUA, 1963, 119 minutos

Quando a bela loira Melanie Daniel (Tippi Hedren) chega a Bodega Bay perseguindo o solteirão Mitch Brenner (Rod Taylor), ela é inexplicavelmente atacada por uma gaivota. Inesperadamente, milhares de pássaros aparecem na cidade, numa crescente série de ataques. Logo Mitch e Melanie estão lutando por sua vidas contra uma força mortal que não pode ser explicada e tão pouco detida.
Exibição em DVD.




Inimigo do Estado

Enemy of the State
de Tony Scott
EUA, França, 1998, 132 minutos
Robert Clayton Dean (Will Smith), um advogado bem sucedido em Washington, inesperadamente recebe um vídeo que mostra a ligação entre um oficial de alto escalão da Agência Nacional de Segurança (Jon Voight) a um assassinato político. A vida de Dean desmorona e ele se transforma em um alvo constante para a mais perigosa equipe do governo. Utilizando todos os meios para conseguir o vídeo de volta, a equipe inicia uma caçada sem tréguas, neste thriller eletrizante sobre os modernos aparatos de controle do Estado. Exibição em DVD.



O Abrigo

Take Shelter
de Jeff Nichols
EUA, 2011, 120 minutos

Pai de família (Michael Shannon) torna-se obcecado com a ideia da iminente chegada de uma tempestade apocalíptica, que iria destruir sua cidade. Para proteger sua família, começa a construir um abrigo, enquanto mergulha gradativamente na loucura.
Exibição em DVD.





A Noite dos Mortos Vivos

Night of the Living Dead
de George A. Romero
EUA, 1968, 96 minutos

Grupo de pessoas busca abrigo numa fazenda para se proteger dos ataques de uma horda de mortos vivos. Clássico que lançou a onda dos filmes de zumbis, que logo se tornariam uma das metáforas mais recorrentes do cinema para representar os sentimentos de insegurança da nação norteamericana.
Exibição em DVD.






Fim dos Tempos

The Happening
de M. Night Shyamalan
EUA/Índia, 2008, 90 minutos

A história de estranhos eventos que ninguém consegue deter e que ameaça a vida da população mundial ao atacar seu instinto mais básico: a sobrevivência.
Exibição em Blu-ray.








O Ovo da Serpente

The Serpent’s Egg
de Ingmar Bergman
EUA/Alemanha, 1977, 120 minutos

Berlim, novembro de 1923. Abel Rosenberg (David Carradine) é um trapezista judeu desemprego, que descobriu recentemente que seu irmão, Max, se suicidou. Logo ele encontra Manuela (Liv Ullmann), sua cunhada. Juntos eles sobrevivem com dificuldade à violenta recessão econômica pela qual o país passa. Sem compreender as transformações políticas em andamento, eles aceitam trabalhar em uma clínica clandestina que realiza experiências em seres humanos.  Exibição em DVD.



A Vila

The Village
de M. Night Shyamalan
EUA, 2004, 108 minutos

Quando uma pequena e isolada cidade se encontra sob a constante ameaça das criaturas que habitam seus arredores, um homem determinado decide enfrentar o desconhecido e mudar para sempre o futuro da comunidade.
Exibição em Blu-ray.





Cloverfield – Monstro

Cloverfield
de Matt Reeves
EUA, 2008, 85 minutos

Do visionário produtor J.J. Abrams (do seriado Lost), uma eletrizante produção sobre o ataque de um monstro a Nova York registrado por uma câmera amadora que mostra o ponto de vista de quem tenta desesperadamente sobreviver ao terror do completo aniquilamento.
Exibição em Blu-ray.




Vampiros de Almas

Invasion of the Body Snatchers
de Don Siegel
EUA, 1958, 80 minutos

Após um congresso médico, Dr. Miles retorna à Santa Mira, uma pequena cidade na Califórnia, e estranha os relatos de vários pacientes que insistem que seus familiares são impostores. A princípio encara o fato com ceticismo, mas alguns dias depois é testemunha de um estranho caso envolvendo seus amigos. Um dos filmes mais paranóicos da época áurea da ficção científica na década de 1950. É ao mesmo tempo uma alegoria ambígua sobre a Guerra Fria, e um conto de terror sobre extraterrestres. Exibição em DVD.




Os Invasores de Corpos

Invasion of the Body Snatchers
de Philip Kaufman
EUA, 1978, 115 minutos

Esta refilmagem do clássico Vampiros de Almas, dirigido por Don Siegel em 1958, está à altura do original. Uma assustadora metáfora sobre a paranóia da infiltração, a partir da história de um homem que começa a perceber estranhas mudanças de comportamento entre os moradores de sua cidade.
Exibição em DVD.






GRADE DE HORÁRIOS

23 de outubro (terça-feira)
15:00 – Vampiros de Almas
17:00 – Os Invasores de Corpos
19:00 – Os Pássaros

24 de outubro (quarta-feira)
15:00 – Cloverfield – Monstro
17:00 – A Vila
19:00 – Fim dos Tempos

25 de outubro (quinta-feira)
15:00 – O Ovo da Serpente
17:00 – Os Invasores de Corpos
19:00 – Inimigo do Estado

26 de outubro (sexta-feira)
15:00 – A Vila
17:00 – Vampiros de Almas
19:00 – O Abrigo

27 de outubro (sábado)
15:00 – Os Invasores de Corpos
17:00 – Os Pássaros
19:00 – O Ovo da Serpente

28 de outubro (domingo)
15:00 – A Noite dos Mortos Vivos
17:00 – Cloverfield – Monstro
19:00 – Inimigo do Estado

30 de outubro (terça-feira)
15:00 – A Vila
17:00 – Os Pássaros

31 de outubro (quarta-feira)
15:00 – Vampiros de Almas
17:00 – Os Invasores de Corpos

1º de novembro (quinta-feira)
15:00 – Fim dos Tempos
17:00 – A Noite dos Mortos Vivos
19:00 – O Abrigo

Bjorn Melhus

Bjorn Melhus é um artista multimídia alemão com  ascendência norueguesa nascido  em Kirchheim - Teck, Alemanha, em 1966.
Surgido num contexto de filmes experimentais, o trabalho de Bjorn Melhus tem sido apresentado e premiado em inúmeros festivais e mostras internacionais como a Tate Modern e o LUX, em Londres, o Museum of Modern Art(MediaScope), em Nova York, e o Centro Pompidou, em Paris,  dentre outros.  Desde 2003, é professor de Realidades Virtuais na Kunsthochschule Kassel, na Alemanha.

Romy Pocz

Hillingar - duração: 5 min 40 seg - 2012
Vídeo digital - trilha sonora: Caio Amon
Romy Pocztaruk é mestre em Poéticas Visuais pela  Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005-2007). Trabalha com fotografia, vídeo e performance e vem realizando exposições no Brasil e no exterior. 
Em 2010 realizou uma residência no espaço Takt kunstprojektraum em Berlim e em 2011 foi  contemplada com a Bolsa Iberê Camargo para realizar uma residência no Bronx Museum em Nova Iorque. Foi uma das artistas selecionadas para o projeto Rumos/Itaú cultural 2011-2012. 
Desenvolve o projeto coletivo Percursos com a artista Marina Camargo desde 2007, que teve mostra no Paço das Artes, em São Paulo, no ano de 2011.



Dinh Q Lê

Dinh Q. Le nasceu em Ha- Tien, Vietnã. Formado em artes pelo Art Studio da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, Dinh fez seu mestrado em Fotografia e Mídias Relacionadas na School of Visual Arts em Nova Iorque. 
Em 1993, Le voltou ao Vietnã e em 1996 se fixou na cidade de  Ho Chi Minh.
As obras de Le têm sido exibidas por todo o mundo. Suas mais recentes exposições solo incluem A Tapestry of Memories: The Art of Dinh Q. Le, no Museu de Arte de Bellevue em Washington; Destination for the New Millennium e The Art of Dinh Q. Le, na Sociedade Asia em Nova York, e na última Documenta de Kassel. Atualmente, está exibindo o Project 93: Dinh Q. Le, no MoMA de Nova York. 
Le também é co-fundador da Vietnam Art Foundation – VNFA,  com sede em Los Angeles, uma organização que apoia artistas vietnamitas e  promove a troca artística entre trabalhadores da cultura do Vietnã e de todo o mundo. Através VNFA, Dinh Q Le e três outros artistas fundaram a San Art, uma galeria sem fins lucrativos na cidade de Ho Chi Minh. Atualmente, ele faz parte do Painel Nobre da Rede Asiática de Artes e do Conselho da sociedade Asiática Global. 

Dinh Q. LÊ - The Farmers and the Helicopters

Dinh Q Le apresenta em Porto Alegre a obra The Farmers and the Helicopters, trabalho visto anteriormente no MoMA de Nova York e que foi gentilmente cedido pelo artista e pela P.P.O.W. Gallery.

Federico Alvarez

Fede Alvarez - Ataque de Pânico! 

Diretor uruguaio especializado em efeitos visuais com forte estilo estético e fotográfico que acredita que a pós produção sempre é um meio de contar uma história. Em 2009 Federico Alvarez publica na web o curta-metragem Ataque de Pânico, que chamou a atenção da indústria de Hollywood ao mostrar a destruição da cidade de Montevidéu por alienígenas, o que o levou a ser contratado pelo diretor e produtor Sam Raimi para realizar  a nova versão de Evil Dead, atualmente em fase de edição.
Atualmente é sócio-fundador da produtora  MurdocFilms e possui uma produtora especializada em pós-produção, AparatoPost. Esta última, desde sua fundação, é reconhecida como a produtora mais importante de pós-produção do meio local, trabalhando com agências e produtoras de toda a América Latina.
Em Porto Alegre, o artista apresentará justamente o curta Ataque de Pânico.

Romain Gavras

Diretor grego radicado na França, Romain Gavras é  filho do  lendário cineasta Costa-Gravas.
Em 2008 chamou atenção para seu trabalho com o polêmico e violento clipe da música Stress, da dupla Justice, que foi proibido de ser veiculado em diversos países e meios de comunicação. 
Gavras costuma utilizar em seus videoclipes  um tom documental, com  cortes rápidos, o que se tornou uma de suas principais características.
O trabalho apresentado na mostra Sob Constante Ameaça , o clipe Born Free da cantora M.I.A., também foi  foco de atenção da mídia, pois o  vídeo mostra um grupo de policiais em uma perseguição a garotos  ruivos.
O vídeo foi retirado de vários sites e gerou uma grande discussão  a respeito de seu forte e questionável conteúdo. 

Em 1995, Romain criou o coletivo Kourtrajmé em parceria com Kim Chapiron, filho do artista plástico francês Kiki Picasso. O trabalho de Gravas e do coletivo, que hoje reúne 135 artistas, está relacionado aos movimentos de contestação urbana, a cultura hip hop, ao grafitte e a todos que usam a sua arte urbana como ferramenta de crítica social. 
Gavras fez sua estreia no cinema em 2010 com o  filme de Notre Jour  Viendra, com Vincent Cassel e Olivier Barthelemy no elenco. No filme um psiquiatra e um adolescente, ambos franceses e  ruivos, partem para a Irlanda acreditando que encontrarão um local para viver, livre de preconceitos e perseguições.

Skip Arnold



Skip Arnold Vive e trabalha em Los Angeles. 

O artista usa seu próprio corpo para criar performances em situações surpreendentes que normalmente demandam a cumplicidade da plateia no desconforto e risco do artista.

Dentre as muitas performances e trabalhos cinematográficos de Arnold, estão ações como navegar o Triângulo das Bermudas em um barco experimental (ele viveu para contar a história); instalar-se debaixo de uma lâmina de vidro na entrada da Feira de arte Basel (assim, os visitantes teriam que literalmente caminhar sobre ele para poder entrar no prédio); deitar embalsamado em ataduras em meio a uma praça pública na Eslováquia, e tomar oito horas de banho por dia como parte da Feira internacional de arte de Gramercy.


Skip apresentará o vídeo Marks, cortesia do artista e da Spencer Brownstone Gallery

Cinthia Marcelle

O Século - Cinthia Marcelle + Tiago Mata Machado 

Cinthia Marcelle e Tiago Mata Machado vivem e trabalham em Belo Horizonte. Marcelle faz uso do vídeo e da fotografia para documentar os efeitos que suas intervenções têm na ordem natural das coisas. Particularmente, seu trabalho é inspirado pelo caos e pelo turbilhão de possibilidades que podem ser encontrados na vida cotidiana. Tem participado de exposições importantes como a Bienal de Lyon (2007), o Panorama da Arte Brasileira, em São Paulo (2007) e a IX Bienal de Havana (2006).
Mata Machado é crítico de cinema e cineasta, e dirigiu os longas O Quadrado de Joana e Os Residentes.


Ficha Técnica Completa do trabalho apresentado (obra gentilmente cedida pelos artistas e pela Galeria Vermelho


O SÉCULO [THE CENTURY]
Cinthia Marcelle + Tiago Mata Machado
Brasil, 2011
9’37’’ em loop // in loop
cor // color
som estéreo // stereo sound
formato // format 16:9

Realização // Presents by
Katásia Filmes
88

Direção // Direction
cinemata

Câmera // Camera
Maurício Resende

Produção // Production
Aline X

Assistente de produção // Production assistant
Requel Versieux

Assistente de set // Set assistant
Letícia Weiduschadt

Som direto, desenho sonoro // Direct sound, sound design
Bruno Vasconcelos

Assistente de som direto // Direct sound assistant
Warley de Assis

Edição, finalização // Editing, finalizing
Fernando Mendes

Stills // Stills
Letícia Weiduschadt
Raquel Versieux

Elétrica e maquinário // Electrical and machinery
Márcio de Oliveira
Paulo de Oliveira

Assistente de maquinário // Machinery assistant
Paulo Ferreira

Elenco // Cast
Antônio Vilela, Daniel Ribeiro, Emerson Furtado, Geraldo Souto, José Amaral, Márcio Jorge, Marcos Aquino, Ricardo Silveira,
Thiago Cota, Thiago Ribeiro, Wagner Carvalho, Wanderson Carlos Oliveira, Vander Lúcio de Morais

Base de produção // Production base
Quintal da Lourdinha

Transporte // Transport
Cid Leite

Agradecimentos // Thanks to
Quanta, João Dumans, Silvia Oliveira
Mary Xavier, Gabriel Sanna

Coprodução Pinchuk Art Center, Kiev, Ucrânia

Apoio cultural // Cultural support
Morini

Cyprien Gaillard


Cyprien Gaillard - Cities of Gold and Mirrors
Cyprien Gaillard nasceu em 1980 em Paris. Estudou com John Armleder e Francis Baudevin  na “Ècole Cantonale d’Art de Lausanne”, Suíça.  Já em 2003, Cyprien Gaillard participou de diversas mostras  como a “MOPH” (2003) em Tóquio, “The Elated Pedestrian / Champion # 7” (2005) na “Champion Fine Art” em Los Angeles, “Abstraction/Surface (2006) no “Centre Georges Pompidou” em Paris. 
Cyprien também participou da Bienal de Lyon em 2007 e em 2008 apresentou duas obras e a Performance “Crazy Horse” na quinta Bienal de Berlim.
Cyprien Gaillard vive e trabalha em Paris. 

Na mostra Sob Constante Ameaça, Cyprien apresenta um filme em 16 mm, gentilmente cedido pelo artista e pela Sprüth Magers Berlin London / Laura Barteltt Gallery, London, intitulado  Cities of Gold and Mirrors, filmado em 2009.

Veronika Veit

Veronika Veit - Die Faust - 2010
Animação em Vídeo de Alta Definição, 4,5 min.
Veronika Veit vive e trabalha em Munique, cidade em que nasceu. 
A artista tem participado de exibições nacionais e internacionais, como West Collection da Filadélfia - Chicago - São Francisco, Kunstverein Ludwigshafen, nos Museus de Saarbruecken e Zurich e na Trienal de Escultura na Eslovênia. 
Suas obras fazem parte de várias coleções internacionais renomadas, como a Plessas Collection, Marx Collection, Goetz Collection, West Collection e Coleção do Museu Bellerive. 
Geralmente combinando objetos escultóricos com animações de computador e efeitos sonoros, Veronika Veit cria esculturas e instalações variando dos pequenos formatos até composições que preenchem totalmente uma sala.  Quase todos os elementos presentes em seus filmes são produzidos pela própria artista.  Seu trabalho reflete e funde as fronteiras entre realidade e ficção e joga com os observadores e suas expectativas. 



IMPRENSA


A INSTABILIDADE CONTEMPORÂNEA EM EXPOSIÇÃO
DE ARTE E MOSTRA DE FILMES



A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura da Prefeitura de Porto Alegre, em parceria com o Museu de Arte Contemporânea da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, realiza a exposição Sob Constante Ameaça, que reúne obras de 15 artistas contemporâneos: Bjorn Melhus, Cinthia Marcelle & Tiago Mata Machado, Cyprien Gaillard, Dan Halter, Dinh Q. Le, Federico Alvarez, Guilherme PettersRomain Gavras, Rodrigo Matheus & Laura Faerman, Romy Pocz, Shaun Gladwell, Skip Arnold e Veronika Veit. Com curadoria de Bernardo José de Souza, a exposição, que tem como tema a instabilidade sociopolítica e econômica, a ameaça ambiental e o sentimento de insegurança do mundo contemporâneo, inaugura no dia 20 de outubro, às 17h, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS (Casa de Cultura Mário Quintana – 6º andar), e fica aberta à visitação até 2 de dezembro. Paralelamente, a Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro – 3º andar) realiza uma mostra de filmes relacionados aos mesmos temas da exposição, exibindo 10 longas-metragens.
A parceria entre as duas instituições faz parte das comemorações de 20 anos do MACRS, que em anos recentes vem consolidando sua importância no cenário artístico gaúcho.
Entre os destaques da exposição Sob Constante Ameaça estão os trabalhos do francês Cyprien Gaillard, do vietnamita Dinh Q. Le, do grego radicado na França Romain Gavras e do americano Skip Arnold. Gaillard é um dos jovens artistas mais expressivos de sua geração, tendo recebido importantes premiações nos últimos anos, como o Prêmio Marcel Duchamp do Centro Pompidou, em 2010. Entre a iconoclastia, o romantismo e a Land Art, sua obra investiga os vestígios humanos na natureza, em uma espécie de busca arqueológica que identifica na arquitetura moderna as ruínas de nosso tempo. O vietnamita Din Q. Le reflete sobre a história recente de seu país ao resgatar as marcas deixadas pela dominação imperialista no imaginário popular e atualmente está exibindo o Project 93: Dinh Q. Le no MoMA de Nova York. Romain Gavras (filho do cineasta Costa Gavras) tem causado polêmica com os violentos clipes que costuma dirigir, entre os quais Born Free (da cantora M.I.A.), em que mostra o massacre de um grupo de pessoas ruivas. Já o norteamericano Skip Arnold notabilizou-se por ações como navegar o Triângulo das Bermudas em um barco experimental (ele viveu para contar a história), instalar-se debaixo de uma lâmina de vidro na entrada da Feira de Arte de Basel (assim, os visitantes teriam que literalmente caminhar sobre ele para poder entrar no prédio), ou chocar-se com violência contra as paredes de um quarto branco, até desmaiar.
Segundo o curador da mostra, Bernardo José de Souza, o trabalho dos artistas selecionados reflete esse estado de constante instabilidade experimentado pela sociedade contemporânea: “Vivemos em permanente estado de alerta, à espera de novas notícias, aguardando o perigo iminente. Neste contexto imediatista, afetado pelo crescente volume de informações, a produção artística, na contramão do açodamento intelectual, revela-se um importante instrumento de reflexão sobre o status da imagem e seu poder de representação na contemporaneidade”. 

EXPOSIÇÃO
20 de outubro a 2 de dezembro de 2012
Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS
(Rua dos Andradas, 736, 6º andar  - Casa de Cultura Mario Quintana)